Servidores protestam contra prefeitura
Sindicato da categoria faz enterro simbólico
de salários dos servidores do município
Rui Camejo
Ato: Sindicalistas promovem protesto pelo Centro de Itatiaia
Rui Camejo
Itatiaia
Um enterro simbólico do salário foi a forma encontrada pelo
Sindicato dos Servidores Públicos de Itatiaia para protestar contra a
prefeitura, que até agora, de acordo com os representantes sindicais, não se
manifestou com relação aos salários dos servidores públicos municipais, mesmo
estes estando com uma defasagem de até 56 por cento com relação ao
salário-mínimo nacional. O presidente do sindicato, Jaci Luz Martins, explica
que o estatuto do servidor público de Itatiaia define o dia 28 de outubro como
a data-base para se discutir os salários, mas até hoje a prefeitura não tomou
nenhuma providência a respeito. “O morto é nosso salário, que mal chega no
banco e já vai embora, para pagamento das dívidas e até das taxas bancárias”,
disse.
O caixão de isopor, forrado com tecido preto e uma grande
cruz branca, foi carregado por servidores públicos - grande parte deles da
guarda-municipal, onde trabalha o presidente Martins -, do início da principal
rua do município, a Prefeito Assumpção, passando pela praça em frente à
prefeitura e de volta até a frente do prédio onde o sindicato tem sua sede.
Algumas pessoas carregavam flores. Um carro de som acompanhou o trajeto, com o
presidente Martins explicando às centenas de curiosos que saiam dos bares,
supermercados e lojas, e nas janelas dos prédios, os objetivos do protesto, do
qual participaram cerca de 25 pessoas.
PROTESTOS - Ao final da passeata houve discursos contra a
atual situação administrativa da prefeitura e diversas referências ao trabalho
que está sendo realizado no município pela Corregedoria-Geral da União e pelo
Ministério Público, este último tendo ajuizado no final da semana passada uma
ação civil pública contra a Prefeitura, a Câmara e o Iprevi, o Instituto de
Previdência dos Servidores Públicos de Itatiaia que está com um rombo de vários
milhões de reais. Nos discursos os sindicalistas disseram que desejam que os
fiscais federais e os promotores “façam um trabalho que consiga descobrir os
desvios do dinheiro público e a corrupção em Itatiaia, punindo os
responsáveis”.
Durante a passeata, Jaci Martins chamou os servidores
públicos, várias vezes, de “covardes e de idiotas”, e de terem medo de se
manifestar contra a prefeitura, atribuindo a esse medo a pouca participação de
servidores no protesto, e pediu que todos “acordem, se unam e se filiem ao
sindicato”, para que este se torne “mais forte e possa defender melhor os
interesses de todos”. O Sindicato, de acordo com Martins, tem cerca de 300
filiados, dos quase 1400 funcionários da Prefeitura e Câmara. Foi fundado em
1997 e funciona numa pequena sala de um prédio no centro da cidade. A
prefeitura não está repassando ao sindicato a contribuição de um por cento a
que tem direito e deveria estar sendo descontado de todos os seus filiados.
Os sindicalistas disseram, nos discursos, que o “servidor
público de Itatiaia não é corrupto, salafrário e não é ele que rouba”, e que o
trabalho deles é vital e muito importante para o município. “Até quando algum
parente ou amigo da gente morre, é um servidor público que vai trabalhar
abrindo a cova e fazendo o sepultamento”, disse Martins. Falaram também que a
prefeitura está em débito com os servidores e não cumpre a lei 374/03 que
autoriza o vale-transporte, que nunca foi pago, como também estão irregulares
os pagamentos de insalubridade e periculosidade, e em muitos casos são péssimas
as condições de trabalho na prefeitura.
© Empresa Jornalística Diário do Vale Ltda. Todos os
direitos reservados
Fotos: Arquivo do SFPMI








Nenhum comentário:
Postar um comentário